domingo, 20 de novembro de 2011

Para aquecer... Um Conhaque!

Despertei às sete da manhã. O galo cantava desde as cinco e meia. Mas o frio nos lençóis já me congelava o corpo desde a noite passada. Tentei esquentar minhas pernas cobrindo-as com um cobertor velho. Para aquecer a alma precisei de uma dose mais forte e amarga. Tomei um conhaque, fumei um charuto e a manhã começou... Resignada!
Sobre mim, adejava a dúvida. E sob mim, uma bruta certeza. A certeza do amor corpóreo. Do toque que arrepia e abre os poros. O sentido de você dentro de mim.
Precisa mais?
O que vem depois do amor? Isto eu não sei. Mas sei exatamente o que vem antes. É um sentir; é um querer;é um medo; é uma dúvida; é uma vontade sem tamanho de estar junto e ao mesmo tempo de sair correndo. Fugir! É um frio nas entranhas. É um fogo que arde quando os corpos se encontram. Aí já não saem mais palavras. Apenas a loucura do prazer.
Depois da entrega... O beijo e a despedida. E o não saber se haverá outro encontro.
Recobro a memória e me visto de boas lembranças. Não que eu aceite viver de lembranças.  Mas é que às vezes,  a vida só faz sentido ao sabor do que foi ingerido. Mastigado. Possuído.
Tive ânsia de vômito. Uma mistura inútil de sentimentos e pensamentos sem o menor propósito.
E o sol... Tímido e preguiçoso teima em não sair.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sou Mulher!




Me chamam de louca. Dramática. Exagerada. Pornográfica. Apaixonada. Delirante!
E eu me pergunto: Como não Ser?
Sou composta pelos sentimentos mais insanos. Tenho uma certeza visceral de que sempre estou com a razão - ou seria emoção?  Minhas lágrimas descem com mais facilidade que as do sexo oposto.  O beijo me arrepia até a  alma.
Consigo cuidar de 20 coisas ao mesmo tempo. E o melhor, sou excelente em tudo que faço. Aprendi desde cedo que não vivo sem amor. Necessito dele até a última gota. E se a gota for perfumada, melhor ainda.
Tenho que ser mãe. Parindo ou não parindo.  Mãe com dor de parto. Mãe do marido. Do amante. Do amigo. Mãe de mim mesma.
Tenho que ser esposa. Amante. Companheira. Amiga.
Tenho que dar prazer. E olha que dar prazer não é tão simples assim.  Você se entrega, revira os olhos, se desdobra, fica por cima, fica por baixo. Se mexe daqui, se vira "Dalí", paralisa. Tipo pintura mesmo. Se encaixa, relaxa. Lambe a pele, Se gruda no suor, se morre de tanto se dar.
Coleciono paixões, desilusões, desejos, compulsão, raiva, alegrias e emoções. E no fim do mês sangro tudo.
Tenho que ser inteligente. Ter bom papo. Não ser vulgar. Tenho que ser adequada.
Mas isso eu nunca fui. Também, tecendo os pensamentos que teço, não poderia Ser...
Minha  renda sempre rendeu olhares de repreensão.
E o meu silêncio, às vezes, é bem prolixo.
Mas por tudo isso, sou mulher. Com tudo que me é próprio!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Estou Cheia de mim...




Estou cheia de mim. Meus sentimentos estão transbordando por todos os lados.

Minha vontade é tão escancarada que às vezes perco o sentido. Sou só sentimento.

Estou cheia de mim. Necessito do outro. Do novo. Da troca.

Estou ávida do toque; do sentido; das paixões realizadas; da cama quente, lençóis desarrumados; dos corpos em movimento; do suor; do banho de gato; do seu gozo em fúria, como um César em triunfo.

Quero demasiadamente te provocar, endoidecer, te encantar.

Ando flutuando com a brisa, transbordando com a chuva, provocando tragédias com as tempestades. Ando me perdendo de mim.

E nessas an-danças, tem sido freqüente sua ausência. Preciso me esvaziar de mim e me encher de você.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011



A primavera chegou. Mesmo que eu não tenha um jardim para recebê-la. Mesmo que tudo esteja conturbado.

As coisas vão se ajeitando. E até as raízes mais firmes se acomodam para recebê-la. Assim como os campos vou despir-me das folhas secas e vestir-me do novo. Novos aromas, novas folhas verdes, novos sentimentos. Voupermitir que floreçam os lírios, as íris e os jasmins. E que em mim façam moradia.

Permitindo-me a pureza, a nobreza, o coração terno e claro, a volúpia.

A primavera chegou. Deixou pra trás os dias tristes doinverno. Prelúdio das altas temperaturas. Música de cores, formas, aromas e flores pra minh´alma.

Que cada um tenha a primavera que mereça e que todos a reconheçam na suave e delicada pétala do tempo.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Fiquei acostumada às an-danças pelo seu corpo. 


E o seu beijo não sai dos meus lábios. 


Seu cheiro ainda hoje, permanece intacto.


Seu abraço continua em meus braços e seu sexo...Ah, seu sexo me deixa inebriada a 


cada momento de lembrança.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Pouco importa as ???? alheias...






Fui colocada à prova.

Sinto-me sufocada pela inquisição alheia.
E se eu quiser que você aperte minha bunda? Isso significa que não sou digna?
Tenho uma fome voraz de algo que não é necessariamente a liberdade. Necessito do seu hálito quente, do seu pecado, da sua falta de compromisso.

Quero pernas, boca, língua, pênis, bunda e palavras.
Quero me jogar no seu abismo.
Quero sua verdade e seu medo.

Lamentável. Mas sinto minhas vísceras amontoadas dentro de mim. Tudo revirado. Sentido trocado e olhar largado. Gosto de fel na ponta da língua e a respiração arde.
Não quero seu melhor, procuro sempre o pior que há em você. 
E a sua maneira de dizer sim, me atordoa. Me desorienta. Quero seus nãos, seu humor cáustico, sua língua quente. Quero seu veneno!
E se depois de tudo sou capaz de permanecer ao seu lado, talvez eu seja imprópria para o horário. Talvez eu seja o avesso do amor.

De fato, pode ser interessante experimentar!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

À Flor da Pele

À Flor da Pele

Definitivamente o mundo não me agrada. As pessoas me aborrecem. O amor é uma farsa. E a vida, reclama, em vez de dar.
A verdade  não pode ser dita, estou presa dentro dos limites impostos. Viver em sociedade é um perigo. Tenho que normatizar, me encaixar.
As pessoas que dizem me amar, passam a vida inteira tentando me mudar, querem que eu seja outra pessoa.
Estou cansada de esperar, quero soltar aquele cavalo que existe dentro de mim. Selvagem!
Sou violentada pela vida a cada segundo..
Meus pensamentos roubam o perfume dos lírios. Sim! Sou pornográfica. Sou aquela que anda à noite a procura do amor corpóreo. Sou a dama mal vestida, que sangra palavras, néctar das paixões.
Sou o rock'n'roll. Sou a saliva do beijo. A dor do parto. O prazer do sexo.
Não sou uma pessoa ideal. Não quero salvar as pessoas de seus próprios abismos.

sexta-feira, 25 de março de 2011

“O Preconceito é filho da Ignorância”

“O PRECONCEITO É FILHO DA IGNORÂNCIA”

Há algum tempo, postei um texto no meu blog sobre minha concepção de “poder”. E, ainda hoje, reafirmo minha opinião de que quem detém a informação, o conhecimento, o saber, tem o poder. Sendo assim, o indivíduo que acumula conhecimento em qualquer que seja a área de atuação, tem capacidade de se destacar em relação aos seus pares.
O preconceito encontrado em todas as partes do mundo está sempre acompanhado de ações discriminatórias contra o indivíduo e/ou grupo, fato esse que nos remete à intolerância racial, religiosa, entre tantas outras maneiras repulsivas de enxergar a diferença.
Quando li a frase “o preconceito é filho da ignorância”, do escritor e filósofo inglês William Hazlitt, partilhei imediatamente do seu pensamento. A disseminação do preconceito nos leva à generalização superficial e pejorativa, mais conhecida como estereótipo.
Poderia me alongar para exemplificar as várias formas de preconceitos existentes, mas prefiro me aproximar da minha realidade, da realidade vivida pelo candomblé, que até hoje experimenta esse preconceito.
Ontem, experimentei efetivamente, pela primeira vez, o preconceito racial e religioso. O fato me deixou com um gosto de indignação e revolta. E definitivamente, não podemos aceitar calados a agressões verbais e coerção da liberdade humana.  
Sou candomblecista, feita no santo, no terreiro Lunzo Atim Nzaze Iya Omim, que funciona há mais de 20 anos sob a direção da Yalorixá Mikayanjá e do Babalorixá Orogin. Sou filha de Angorô e Oxum e tenho orgulho da minha religião e um imenso respeito pelos meus zeladores, que, com amor, axé, humildade e seriedade, nos transmitem o conhecimento, a sabedoria e a evolução espiritual. E mais do que isto, nos ensinam a respeitar todas as religiões.
Sendo mais objetiva, ontem, 24 de março, o Ogan Alex, a Yalorixá Mikayanjá, o Babalorixá Orogin e eu fomos à casa de sua filha carnal, Juliana Lana, e do seu marido, Thiago. Estávamos cantando algumas canções do candomblé e conversando (vale lembrar, que ainda não eram 22h e que, mesmo assim, mantínhamos um tom de voz baixo). De repente, fomos surpreendidos por um tumulto na porta do apartamento. Vozes diziam que tinham chamado a polícia porque estávamos fazendo “macumba” dentro de casa. Como já estávamos de saída, abrimos a porta e fomos verbalmente agredidos, acuados e constrangidos pelos vizinhos Leonardo e sua esposa Daniele, que nos ofendeu na frente do casal de síndicos e algumas outras pessoas. Ele nos inquiriu exaltadamente, querendo saber o que estávamos fazendo dentro do apartamento. Sua esposa, também muito exaltada, nos chamou de macumbeiros, nos acusou de estar fazendo “ritual” e disse, aos gritos, que o casal Juliana e Thiago não eram bem-vindos no condomínio. Naquele instante, ficou claro para mim que estávamos sendo vítimas de preconceito racial e religioso. E a situação me pareceu tão fora de propósito, que o melhor mesmo seria aguardar a chegada da polícia para esclarecermos os fatos. Mas como era de se esperar, a polícia não apareceu. Imagino que nem foram acionados. O que pude constatar é que aquele casal, branco, que exalava a supremacia racial e desprovido do conhecimento histórico do nosso povo, quis ingenuamente nos amedrontar. Mas como não estávamos fazendo nada que não pudesse ser feito e carregamos conosco, além de boa índole, o conhecimento, fomos até a delegacia mais próxima e prestamos queixa contra o referido casal.
BASTA! Estou INDIGNADA com essa situação, não consigo conceber, que ainda hoje, possa existir pessoas com essa mentalidade arcaica e preconceituosa. Nós, candomblecistas, não queremos que nos TOLEREM, nós exigimos que nos RESPEITEM!
 “Macumbeiro”, “preto” e “pobre” são alguns termos pejorativos utilizados para designar os candomblecistas. Estamos estereotipados como a “religião dos excluídos”, é assim que está sedimentado na concepção popular.
Vale lembrar que, no Brasil, o preconceito racial sempre foi velado e, vergonhosamente, fomos o último país da América Latina a abolir a escravidão. E, guardadas as devidas proporções, e tendo vivenciado ainda ontem essa situação, não me convenci disto.
O Brasil recebeu uma grande população de escravos vindos de diversas regiões da costa africana, como os Angolas, os Bantos, os Nagôs, dentre outros.
Além de ser fundamental para base da nossa etnia, o povo africano contribuiu para construção das riquezas do país. Essa miscigenação promoveu uma considerável herança cultural que pode ser compreendida na religião, na gastronomia, na língua e na música.
Com todo esse legado, como o brasileiro pode renegar preconceituosamente o candomblé e todas as outras manifestações africanas senão por pura ignorância?
A falta de conhecimento limita o ser humano, impossibilitando a compreensão da mais simples questão. É fácil aceitar o que está convencionado, mas o que requer um pouco mais de exercício intelectual torna-se elemento desconhecido, gerando o preconceito.
Sendo assim, o mais aconselhável é acumular conhecimento, para passarmos adiante a importância das nossas raízes e antepassados, “pois renegar o negro e sua contribuição histórica é, sem dúvida, renegar a si próprio”.
E continuo afirmando: quem detém a informação, o conhecimento e o saber, detém o poder!

Muzenza Omimcydan.

quinta-feira, 10 de março de 2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Entre o Profano e o Sagrado



entre o PROFANO e o Sagrado 






Durante uma conversa informal, no trabalho, me veio uma aguçada vontade de escrever sobre o profano e o sagrado. Não foi nada provocativo, falávamos sobre o sagrado, sobre crer ou não. Sobre o medo do desconhecido, sobre os ritos, sobre a “coisa” religiosa.
Não que eu queira falar sobre religião, mas é inevitável falar sobre o sagrado e não mencionar a religião. Embora, minha concepção de sagrado e profano, não seja bem voltada para a religiosidade.
E, definitivamente, andamos numa linha tênue, entre o sagrado e o profano. O bem e o mal. O moral e o imoral. E isto, não se refere necessariamente à igreja, mas sim, aos nossos próprios conceitos morais, que são adquiridos desde a infância, através do meio em que vivemos e das referências da sociedade.
Definir sagrado e profano, requer experiências pessoais e em grupo e envolve o conhecimento que absorvemos ao longo dos anos.
De acordo com o dicionário, sagrado é tudo aquilo que se refere às coisas divinas, à religião; sacro, santo; venerável. O profano por sua vez, é definido como “estranho à religião, secular; contrário ao respeito devido a coisas sagradas.
Pra mim, profano é você não devolver o livro da Clarice Lispector que lhe emprestei, enquanto que pra você, pode ser  apenas um ato de esquecimento. Pra você pode ser profano me embriagar com vinho numa noite de lua cheia, mas pra mim, pode ser um momento sagrado, de envolvimento com o deus do prazer. Se você beijar a boca de alguém do mesmo sexo, para alguns, pode ser profano, mas eu considero um ato sagrado de amor puro. É profano falar um palavrão enquanto sua língua quente desce pelas minhas costas? Ah... pra mim é o momento sagrado do ápice do prazer. Interromper uma gravidez é profano? Não seria profano a taxa de mortalidade infantil? Pra mim pode ser profano transar sem camisinha; pra igreja, profano é transar sem a intenção de procriar.
Profano é a fome, a miséria humana, a intolerância, o preconceito, o descaso, o político profissional. Sagrado é o bem estar, a convivência harmoniosa, o prazer, a música, a arte, o conhecimento, a liberdade.
Claro, isto é apenas minha opinião. E, em se tratando de opinião, podem haver divergências.
Falar do profano me fez lembrar de um grande amigo, Abdon Braga (mais conhecido como: bidu! Que não é necessariamente o cãozinho azul, da Mônica... rss). Há algum tempo ele me mandou um texto de teatro, “Bar 7 Pecados”, e logo, me apaixonei. Bom, esta lembrança, me fez querer escrever sobre os 7 pecados capitais, o que combina muito bem com o profano, ou o sagrado, como queiram.  Eu, que não sou santa nem nada, vou voltar com meus contos proibidos, claro, começando pela Luxúria. Aguardem...

terça-feira, 1 de março de 2011

Cuidado... Frágil!



Cuidado... Frágil!


Tem sido freqüente minha preocupação com a fragilidade dos laços afetivos. Essa modernidade que nos proporciona uma conectividade cada dia mais veloz, se mostra cada vez mais líquida. Desejos de estreitar os laços, sejam eles amorosos ou  pessoais, são combatidos pela insegurança.
Por vezes, priorizamos os relacionamentos em “redes”, que podem ser compostos sem nenhuma intimidade ou vínculo, e podem, com a mesma facilidade, serem destruídos, bastando apenas apertar a tecla delete. Assim, sem que haja nenhum contato e sem constrangimento, segue a liquefação de sentimentos. Prevalece a relação virtual, fluída.
Esta prática tem prejudicado e muito, nossa capacidade de amar, seja esse amor direcionado à família, ao parceiro ou a nós mesmos.
A julgar pelo nosso estilo de vida consumista e hedonista, muitas vezes tratamos o outro como objeto de consumo, e o seu peso é avaliado de acordo com o volume de prazer que pode oferecer. Somos parceiros na atividade do consumo da alegria, do prazer individual e imediato como finalidade da vida.
Mas, e as relações humanas? E os vínculos afetivos? E o contato físico?
E a nossa capacidade de “amar o próximo como a si mesmo”? Diz Freud (em O mal-estar na civilização) que é um dos preceitos fundamentais da vida civilizada. O que é contraditório com o tipo de  razão  que a civilização promove:  a razão do interesse próprio e da busca da felicidade.
Por mais interessante que seja essa contemporaneidade, e olha que tenho usufruído ferozmente dela, não quero me perder nos relacionamentos de “redes”, não quero afrouxar os laços, não quero que meu senso de humanidade seja prejudicado pela liquidez da modernidade.
O tempo, por mais inexorável que seja, não pode dizimar com nossa percepção, com o tête à tête, com o olho no olho, com o aperto de mão, com o toque, com o sentimento amar.  Mesmo tendo consciência de que este sentimento não se submete tão docilmente a definições.