segunda-feira, 23 de julho de 2012



Parece-me que durante toda minha vida estive recomeçando. E sinceramente, embora haja uma sensação de coisa nova e de mudança, não sei se é exatamente bom. Às vezes, sinto-me cansada de tudo isso. Há uma insegurança no recomeço, um sentimento vazio, do nada. Aquilo que me desestabiliza, uma falta de expectativa. Sei lá, mas penso que compreender a vida seja simplesmente tocar em frente. Sem rodeios e sem achar que tudo pode dar certo. Porque esse otimismo todo me deixa tonta. E se não der certo? Significa que preciso recomeçar. Com uma vontade nova, uma força arrancada de não sei onde e um olhar diferente. E assim vamos vivendo, comendo o sol e bebendo a lua.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Fênix




Desconstruo-me toda noite.
Desfaço-me. Deixo partir-me em fragmentos faiscantes.
Sou apenas um vazio na lua.
Transponho a linha imaginária e neste momento morro. Feneço com o pôr do sol.
Alimento-me das gotas de orvalho que se formam na madrugada. Recomponho-me com a energia da luz.
Renasço com a manhã... E vivo no amor.

terça-feira, 10 de julho de 2012


Transcrevo-me às texturas pálidas dos lençóis.
Decifra-me a cama desarrumada;
Persegue-me os chinelos no canto do quarto;
Evita-me a lembrança do amor experimentado;
Encharca-me o suor derramado;
Engole-me o quarto fechado.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sou...


Sou vento... E tempo.
Brisa na tempestade. Areia presa sob o sol escaldante.
Sou levada amiúde pelas grutas úmidas.
Sou poeira acumulada na escrivaninha. Rabisco em papel virgem. Lágrima caída sobre papel amarelo.
Sou aquele tempo que ainda não foi e talvez nem seja. Sou o tempo agora.
Sou precisa e aguda.
Sorriso solto pelas madrugadas. Sombras e passos.
Sou o inexistente na noite pura.