segunda-feira, 26 de abril de 2010

VIVER É MUITO, MUITO PERIGOSO.

Guimarães Rosa

PORQUE EU PROVOCO MEDO NOS HOMENS???


CONTOS PROIBIDOS


Os Comprometidos


Eu sempre quis provar o néctar dos deuses, me lambuzar com mel das abelhas e me inebriar nos braços de Baco.
Eu era considerada a mulherzinha perfeita, aquela que todo homem desejava. Quando passava com meu vestido soltinho, que desenhava as curvas dos meus seios, que mais pareciam dois melões frescos, macios e durinhos, não havia homem que não desejasse tocá-los. Sem falar na bunda, que era o sonho de todo marmanjo safado. Eu fingia não perceber que todos aqueles olhares eram feitos pra mim. Sorrateira,  passava a vida a incitá-los. Gostava de despertar seus desejos mais íntimos. E muitas vezes gostava de controlar seus pensamentos. Os comprometidos eram os meu preferidos. Ah! Os com-pro-me-ti-dos... Segundo o dicionário Aurélio, compromisso significa “obrigação mais ou menos solene”. Que porra é essa? Mais ou menos? Ta bom, vamos deixar isso pra lá. Esses que tinham uma “obrigação mais ou menos solene”, me despertava um interesse maior. Talvez pelo perigo. Adoro correr perigo. Talvez pelo pecado, segundo a Igreja católica. Adoro pecar. O proibido, sexualmente falando, me enche de prazer e torna a conquista muito mais desejada e saborosa.
Há algum tempo estive com um desses que tem uma “obrigação mais ou menos solene”. Era um rapazinho que conheci num cursinho que estava fazendo. Confesso que não fiz questão nenhuma de conquistá-lo e que isso nem passava pela minha cabeça. Acho que o queria apenas como amigo. Mas um dia acabou acontecendo, sem planejarmos, pelo menos creio nisso. Um certo dia peguei uma carona com ele, fui pega de surpresa, ele me beijou a boca, a nuca e sutilmente foi me despindo com a língua. Beijou meus seios e fez amor comigo. Digo amor, porque foi assim que ele falou comigo. Talvez eu dissesse que nós fizemos sexo. E digo sexo, porque esse rapazinho em especial, ficou louco pelo meu sexo. Ele dizia que precisava ter muito controle pra ficar comigo, que minha pele parecia um ardente veludo; que minha bunda era perfeita e que meus seios pareciam dois melões frescos, macios e durinhos. O que mais me incitava nessa história é que quando encontrávamos no cursinho mal nos falávamos, apenas trocávamos olhares. E todos os dias após às aulas nos encontrávamos no mesmo lugarzinho e nos inebriávamos de prazer. E assim foi até o dia de oficializar sua “obrigação mais ou menos solene”.
Essas histórias perdem a graça com o tempo, tornam-se cotidianas, sem novidades. E eu acabei me interessando por um jovem barbudo, sonhador e que também tinha uma “obrigação mais ou menos solene”. Mas essa é outra história. O rapazinho do cursinho, ainda tentou sem sucesso, que nosso romance perdurasse, mas eu já havia provado o néctar dos deuses, me lambuzado no mel das abelhas e me inebriado nos braços de Baco. A conquista, a sedução e o inesperado que moldam a relação já haviam se esgotado, só me restava partir pra outra.