domingo, 11 de março de 2012

Mini Conto do Não Entendimento...


O homem estava sentado ali. Um pouco à frente. E havia um não entendimento no ar. Minhas pernas propositalmente descansavam sobre as suas.
Suas pupilas estavam dilatadas e desajeitadas. Suas mãos inquietas. Sua respiração ofegante e quente. E as palavras que ele não dizia eram mais verdadeiras do que as que ele insistentemente proferia. E pra tocar a ferida, solicitou uma bebida destilada, quente!
Havia uma frieza em meu olhar, embora houvesse uma atmosfera cálida nos envolvendo.
Meu silêncio mentia. 
Eu apenas ouvia. Não acreditava e nem desacreditava do suor que descia pelo seu rosto. Era indiferente. Não que eu não o desejasse, pelo contrário. E parafraseando um comentário seu, nossos encontros são sempre uma tentação… Gostosa. É um infinito delírio chamado desejo, uma fome de afagos e beijos... Uma luta de corpos suados, ardentes e apaixonados. Apaixonados sim. Porque a paixão tem essa urgência em ser. A urgência de possuir não só o corpo do outro, mas o prazer. Sabe aquela coisa de matar a sede na saliva? De se morrer de tanto se dar? De suar, mas de prazer? De se ver e não se conter? A gente sempre se derramava em overdose.
Mas chega o momento das explicações. E as suas eram tão infundadas e perpassava por caminhos tão mal freqüentados pelo sexo masculino, que não me convencia.
Foram alguns minutos tentando uma explicação. Aquelas coisas comuns e freqüentes aos homens. 
Mas ele continuava ali, tentando me explicar que além de eu ser linda e extremamente inteligente, era totalmente na-mo-rá-vel. Foi esse o termo.
E o sexo, ah... O sexo com você é maravilhoso. 
Mas... 
Bem, quando existe o “mas”, a gente já sabe. Na verdade, a gente já sabe antes mesmo de existir o “mas”.
E ele disparou: Você me entende?
Pausa dramática. Meio sorriso no canto da boca. Olhar de mulher burra. E por fim, a resposta: Não.
Claro que o homem assustou. Ele pressupunha que aquela mulher a sua frente fosse dotada de uma inteligência incomum, não era aceitável que ela não entendesse uma explicação tão simples. E incomodado, indagou: Mas como não entende? 
Simples. Eu digo que o entendimento me limita, enquanto que o não entendimento me dá maiores possibilidades. E isso me basta.  
O que mais importa é manter essa chama até quando eu não mais puder e a mim não me importa nem mesmo se Deus não quiser.
Não preciso entender as explicações e razões do outro, preciso entender o que passa dentro de mim…
O não entendimento é tão interessante que nos permite continuar com nossos segredos de liquidificador . Por que eu... Eu adoro um amor inventado.