terça-feira, 20 de novembro de 2012

20 de Novembro





O dia 20 de novembro podia ser mais um dia de primavera, colorido por frondosos  flamboyants, com seu tronco forte e ampla copa em forma de guarda-chuva. Sua raiz firme fincada em terras brasileiras. Considerada por alguns como a árvore mais bela do mundo, devido à cor intensa de suas flores, é também chamada de árvore flamejante. Está tão bem adaptada em nossa região que até parece nativa. Mas é originária da costa leste da África, de Madagáscar.
Os flamboyants africanos, assim como os ipês brasileiros convivem, florescem, enfeitam, perfumam e complementam a beleza em cada estação. Porque apesar de serem de origens diferentes, são semelhantes e tem as mesmas necessidades. Assim somos nós, diferentes, mas iguais. Semelhantes. E assim deveria ser, se não fosse o preconceito encontrado em todas as partes do mundo, e que vem  sempre acompanhado de ações discriminatórias contra o indivíduo e/ou grupo, fato esse que nos remete à intolerância racial.
O dia 20 de novembro além de um dia de primavera, é também, o dia da Consciência Negra. E a escolha dessa data não foi à toa - em 20 de novembro de 1695, Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares - foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do Quilombo dos Palmares.
A homenagem a Zumbi, além de muito justa é um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura brasileira. O Brasil recebeu uma grande população de escravos vindos de diversas regiões da costa Africana, como os Angolas, os Bantos, os Nagôs, dentre outros.
Além de ser fundamental para base da nossa etnia, o povo africano contribuiu para construção das riquezas do país. Essa miscigenação promoveu uma considerável herança cultural que pode ser compreendida na religião, na gastronomia, na língua e na música.
Vale lembrar que no Brasil, o preconceito racial sempre foi velado e, vergonhosamente fomos o último país da América Latina a abolir a escravidão. E, guardadas as devidas proporções, ainda não me convenci disso.
Com a implementação do projeto Lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003, o dia 20 de novembro foi incluído no calendário escolar, tornando obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, assim, os professores devem inserir em seus planos de aula temas como: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
Com tudo isso, o desejo é um só: que flamboyants e ipês possam florir juntos, construindo uma história diferente, onde os negros sejam vistos pela sua essência e não pela cor, “pois renegar o negro e sua contribuição histórica é, sem dúvida, renegar a si próprio”.