Hoje, resolvi falar sobre minhas ex-paixões. Agora, amores. Digo assim, porque pra mim, o amor já está em uma forma mais branda dos sentimentos. E como definiu, um grande amigo, às vezes eu coloco o amor na prateleira mais baixa da geladeira.
Não em desmerecimento. Valorizo, respeito e me comovo com o amor. Mas sendo sincera, o amor é lento demais, frio demais e muito tranqüilo. E sendo um pouco e tanto mais contraditória, ainda quero a sorte de um amor tranqüilo. Mas isso Pode ser bem mais adiante. Neste exato segundo, que por sinal já se foi, eu quero uma paixão louca, desajeitada e com sabor de fruta mordida.
Ontem, encontrei uma dessas ex-paixões. É verdade que a maioria deles continua sendo amores. Sim, eu os amo por tudo que eles são. Um ou outro, não valem apena serem lembrados.
Mas voltando à ex-paixão de ontem, ele me fez uma visita. Me chegou como quem chega do nada, ele não me trouxe nada, também nada perguntou. Deitou-se em meu sofá e logo queria se aconchegar. Ora essa, nosso momento já se foi, agora não passamos de meros irmãos, amigos que somos. Recostou em minha rede e juntou o seu corpo ao meu, logo pensei: primeiro você me azucrina, me entorta a cabeça, me bota na boca um gosto amargo de fel. Acho engraçado as atitudes masculinas. Primeiro esnoba, despreza e demonstra desinteresse. Depois saimos pra vida, bebemos com as amigas, arrajamos outras paixões, nos refazemos as cicatrizes, estamos inteiras novamente. Aí, eles reaparecem, agora vem chorando desculpas,assim meio pedindo querendo ganhar um bocado de mel. Mas agora é tarde, não me rasgo, não engasgo, não engulo e nem preciso refletir, não dá mais pra estender a mão. Ele, a ex-paixão, agora amor, surpreendido me disse: Você é uma das melhores pessoas que conheço, mas tem um defeito.
Cabeça de mulher, pensei: Ah é? Eu tenho um defeito? Hum... Eu tenho vários, na verdade sou composta por defeitos infindáveis.
Mas o que seria defeito na cabeça de um homem?
E nem foi preciso perguntar, ele logo disparou: Você é rancorosa e vingativa.
Então são dois defeitos, querido! Mas ó, isso não tem a ver com rancor, tão pouco vingança. Isso tem a ver com a nossa capacidade de conseguir viver sem a vaidade exacerbada de vocês, e sim, partimos pra outra.