domingo, 1 de agosto de 2010

Olhar




Estou lamentando a ausência do que ainda não possuo. Triste história. Como diria o poeta, viver não dói. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Outro dia eu tive um sonho. Sonhei com um amor. Um amor insano. Nem sei bem se era um amor, acho que era um misto de tesão e phatos. Até prefiro que seja uma paixão mesmo, a paixão me deixa assim, motivada, inspirada, atordoada, encantada!
Mas voltando ao sonho, foi um olhar. Um olhar sedutor de um homem que me conquistou. Que me fez sentir um desconforto corporal, que invadiu a minha essência, que me despiu e me fez espargir alguns segredos...
Esse olhar me provocou. Me aqueceu o corpo, me abriu os poros, despertou meus desejos. Meus lábios gritavam pelos seus...
Esse olhar me insultou. No mesmo instante encontrou outro olhar e me deixou. Foi-se então aquele olhar sedutor. E o meu olhar ficou vazio, apenas lágrimas, sútil...
Mas o sonho não acabou, e os nossos olhares se reencontraram e tudo recomeçou... Desejos, desejos e desejos.
Esse olhar me incitou. Aflorou minha imaginação, me tocou com as palavras, me seduziu da forma mais encantadora, me fez cometer o pecado da luxúria.
Esse olhar me beijou a nuca, me beijou os seios, me beijou o ventre, me beijou as coxas. Em pensamento.
Esse olhar me alcançou e mesmo assim, me abandonou...
Olhar estranho, sem nome, sem certeza. Carrega em si, apenas a beleza.