terça-feira, 30 de março de 2010

CONTOS PROIBIDOS

Felicidade Estranha


Esses últimos dias tenho sentido uma felicidade estranha. As manhãs tem sido de uma alegria inesperada, mesmo com a rotineira dificuldade para acordar, tenho me sentido muito bem. O céu tem estado sempre muito azul, e o sol num brilho extraordinário. O sorriso não tem saído do meu rosto. Digo felicidade estranha, porque tenho tido muitos obstáculos para vencer nos últimos 8 meses, e mesmo assim, tenho me sentido muito feliz. Essa felicidade tem até me incomodado. Como se estivesse me sentido culpada por estar tão bem em meio a esse turbilhão.
Ontem, foi incrível! A caminho do trabalho fui arrebatada por uma felicidade incomum, uma vontade de estar num lugar sossegado, sem essa correria do cotidiano. O céu estava tão lindo e eu me sentia tão bem, que não me restou dúvidas, tive que parar e agradecer à Deus. Agradecer por essa natureza linda que nos é permitida todos os dias, por eu estar em plena forma física para me conduzir pra onde Deus quiser, por eu me sentir tão intensa e iluminada. E à noite, quando estava voltando pra casa, recebi um outro presente, uma dádiva! Uma redonda e iluminada lua cheia que invadia meu carro, como se estivesse me acompanhando pra onde quer que eu fosse. Aquela energia tomou conta de mim, e sinceramente, naquele momento queria partilhar aquela alegria com alguém. Foi quando pensei: eu estou perdendo tempo! Poderia estar a esta hora, nesta noite, nesta lua, num lugar bem mais interessante. Não sou presenteada todos os dias com uma lua daquelas, aquilo foi compatível com o meu brilho.
Fico pensando, qual será o motivo dessa felicidade... Não estou amando ninguém e ao mesmo tempo estou amando todas as pessoas; e a paixão! A paixão que sempre me move, que me faz vibrar, que me tira do eixo, que me carrega para lugares desconhecidos... Ah, a paixão seria um motivo para essa felicidade, mas não é a única responsável, existe algo maior que tem me proporcionado essa tal felicidade. Algo dentro de mim. Mudanças consideráveis tem ocorrido dentro de mim. Sem contar que tenho me sentido tão fêmea, um desejo latente, uma vontade de praticar os sete pecados capitais, começando pela luxúria. O prazer carnal com gosto de champagne em noite de lua cheia me define, me transforma, me contesta, me purifica.
Eu sei, sou contraditória! E quem disse que teria que ser o contrário? Eu prefiro a minha verdade inventada, a minha alegria suada, a minha felicidade roubada e o meu prazer compartilhado...
A questão é que estou aqui, louca para me expor e contar para o mundo meus segredos. Mas de concreto mesmo, só tenho as palavras. Porque os momentos desvanecem. Mas sobretudo, tenho minha felicidade estranha, que tem sido música para meus ouvidos.

quarta-feira, 17 de março de 2010

DIANA KRALL - TEMPTATION

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."

(Clarice Lispector)

terça-feira, 16 de março de 2010

CONTOS PROIBIDOS

Hoje, quando acordei, senti um gostinho especial na boca. Um amargo misturado com mel. Uma felicidade sorrateira, que me permitia um tímido sorriso.
Sabe aquela sensação de que fizemos algo que não deve ser dito?
Uma inexplicável vontade de cantar e dançar sem motivo aparente...
E o humor, que sempre oscila de uma maneira que nem todos conseguem acompanhar, hoje mais parecia um licor adocicando a língua.
No banho, o sabonete deslizava sobre meu corpo numa mistura perfeita com aquela água norma, que em gotículas beijava meu corpo feliz. Tudo em mim sorria.
A roupa, que sempre foi uma dificuldade, vestiu perfeitamente meu corpo e sem delongas quis sair para o mundo. Hoje, minha vontade era maior que eu. Queria gritar, sair, fugir, sorrir e me entregar sem compromissos. Hoje, o dia era permissivo.
Queria o caminho mais curto que me levasse ao ápice do prazer. E se vivo de quimera, minha fantasia era beijar ardentemente e sentir o movimento dos corpos... Enfurecidos. Voluptuosos. Saciados.
Hoje, o dia era de champagne com morango. Lingerie transparente. Noite sem dormir...

segunda-feira, 15 de março de 2010

CONTOS PROIBIDOS


Era mais uma daquelas noites sem pretensões, sem ilusões.
Apenas amigos e uma fictícia mesa de bar.
No meio da noite: vinho tinto e Billie Holiday pra completar.
O clima esquentava, e o que normalmente se transformava em um “boa noite” e "até mais", se encaminhava para uma madrugada com Herbie Hancock... sútil, ardente e promissora.
Na pele os sintomas, um misto de tesão e pathos. Palavras certeiras que determinavam o prelúdio.
Massagem, corpos em chama, sussurros… Dúvidas? Sei lá…
Enfim, amor corpóreo, efêmero, mas gostoso.

Nada como uma noite de “amor louco”, proibido, inesperado, mas mesmo assim, desejado. 



sexta-feira, 5 de março de 2010

Metade de mim quer gritar ao mundo que é composta por carne, alma e indefinições... De concreto mesmo só tenho as cicatrizes, as paixões, os vícios e algumas poucas virtudes. Outra metade quer apenas sentir o perfume, a brisa, o gosto. Repleta de dúvidas, desejos, anseios e abismos. Sedenta de prazer. Apaixonada por loucos, livros, música e um pouco de dor. Inteiramente entregue à arte em toda sua amplitude. Contraditória, realista, cigana, perdida… Para compor a noite apenas amigos e uma mesa de bar.