Ontem, apesar de todo cansaço, não
consegui adormecer rapidamente. Por algum tempo, um tempo não cronológico, mas
um tempo poeticamente intrínseco em mim, virei de um lado para o outro da cama.
Acendi meu pequeno abajur azul.
Lá estavam meus livros, minha boneca de
porcelana e alguns lisiantos brancos.
A penumbra dilatou a alma inquieta
que vive em mim. E meu travesseiro me torturava os pensamentos.
Cheguei a pensar no poder de sedução
daquela flor, tão delicada e tão resistente ao mesmo tempo. As pétalas
aveludadas como uma pele macia e quente.
Encanta-me, com suas formas, cores,
aromas e espinhos. Porque até a espécie mais delicada possui sua autodefesa.
Assim, como nós.
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