sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sou Rio



Venho de um oceano de água doce
Meu riacho se converge por vertentes estreitas.
Transbordo, derramo, sou rio.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Sufocada


Tenho pensado numa maneira de me abrir para o mundo. E quanto mais penso, mais me sinto enjaulada. Sentimento comprimindo os batimentos cardíacos. É uma sensação estranha, como se a liberdade fosse inerente ao meu ser, mas estou presa. Sufocada!


Estou no limite entre o ser e a faca amolada. Não tenho mais resistência para os dissabores da vida. Estou plena de mim, mas tenho vivido uma dicotomia.

Sinto em meu celeiro rubros sorrisos em flor. Sementes que querem germinar. Corpos em movimentos e desejos a borbulhar.
Minha existência baila em território alheio. Percorre vertentes de um corpo em lume à sombra fresca da minha paixão. Tenho sentido calafrios; ausências; sede e fome de sua respiração.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Eu não sirvo para os rótulos.
Sou solta no mundo.
Tenho o riso frouxo e a pele leve.
Apaixono-me pelo sorriso e pelo olhar.
Não tento me equilibrar, pois a paixão desequilibra qualquer coração.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Aspirei teu silêncio.
Decifrei teu mistério
Eu caminhava... leve. E quando virava a esquina, fechava os olhos para que os outros não me vissem.


Enquanto sorria, estrelas saltavam dos seus lábios.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012




Enxuguei as lágrimas
Retoquei a maquiagem
Refiz os sentimentos
Reorganizei as prioridades
Inverti a trilha sonora
Desfiz-me das lembranças
Troquei as flores murchas por novos aromas.
Comecei uma nova história.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

20 de Novembro





O dia 20 de novembro podia ser mais um dia de primavera, colorido por frondosos  flamboyants, com seu tronco forte e ampla copa em forma de guarda-chuva. Sua raiz firme fincada em terras brasileiras. Considerada por alguns como a árvore mais bela do mundo, devido à cor intensa de suas flores, é também chamada de árvore flamejante. Está tão bem adaptada em nossa região que até parece nativa. Mas é originária da costa leste da África, de Madagáscar.
Os flamboyants africanos, assim como os ipês brasileiros convivem, florescem, enfeitam, perfumam e complementam a beleza em cada estação. Porque apesar de serem de origens diferentes, são semelhantes e tem as mesmas necessidades. Assim somos nós, diferentes, mas iguais. Semelhantes. E assim deveria ser, se não fosse o preconceito encontrado em todas as partes do mundo, e que vem  sempre acompanhado de ações discriminatórias contra o indivíduo e/ou grupo, fato esse que nos remete à intolerância racial.
O dia 20 de novembro além de um dia de primavera, é também, o dia da Consciência Negra. E a escolha dessa data não foi à toa - em 20 de novembro de 1695, Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares - foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do Quilombo dos Palmares.
A homenagem a Zumbi, além de muito justa é um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura brasileira. O Brasil recebeu uma grande população de escravos vindos de diversas regiões da costa Africana, como os Angolas, os Bantos, os Nagôs, dentre outros.
Além de ser fundamental para base da nossa etnia, o povo africano contribuiu para construção das riquezas do país. Essa miscigenação promoveu uma considerável herança cultural que pode ser compreendida na religião, na gastronomia, na língua e na música.
Vale lembrar que no Brasil, o preconceito racial sempre foi velado e, vergonhosamente fomos o último país da América Latina a abolir a escravidão. E, guardadas as devidas proporções, ainda não me convenci disso.
Com a implementação do projeto Lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003, o dia 20 de novembro foi incluído no calendário escolar, tornando obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, assim, os professores devem inserir em seus planos de aula temas como: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
Com tudo isso, o desejo é um só: que flamboyants e ipês possam florir juntos, construindo uma história diferente, onde os negros sejam vistos pela sua essência e não pela cor, “pois renegar o negro e sua contribuição histórica é, sem dúvida, renegar a si próprio”.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Verso e Prosa




Remexendo tudo por dentro

Lágrima interma fazendo tempestade em mim
Corpo paralisado - esperando o furacão se acalmar.
Alma em desacordo com as idéias firmes.
Sentimento de dor e desalento.
Tudo se faz contraditório no meu jeito de ser.
Assumo que não pertenço a este paradigma.
Sou uma verdade composta por pequenas mentiras.
Prefiro não verbalizar as possibilidades de ser eu mesma. 
Não quero que minha consciência escute e repita o que eu sou.
Mas posso escrever, e que ninguém ouça, que sou verso e prosa.

terça-feira, 16 de outubro de 2012


Tarde de amor.
Beijos cálidos ainda na janela
Mão boba descendo pelas costas
Porta aberta.
Atiro-me em teus braços
Carícias e afagos de uma saudade desmedida.
Sofá pequeno.
Corpos juntos, beijos molhados e um só pensamento:
Quero te amar!
Palavras doces, sussurros safados, desejos aflorados.
Cama desarrumada!

domingo, 14 de outubro de 2012



Estava sentada à beira da vida à espera de um sorriso.
Ele chegou com olhos, boca, pernas e coração.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012



Ando me alojando em corpo quente
Me perdendo em olhar envolvente
Ando amando o tempo, o instante e o segundo 
Ando me entregando ao desejo
Ando me banhando no suor do seu prazer.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Pois que tu és...



Tente me amar sem pressa
Pois que tu és todo meu mundo em fúria
E cada instante longe de ti
Mais parece uma eternidade.
Nunca estive assim: enlouquecida
Por ti, ando estrelas e sigo rastros.
Tua boca em mim emudece. Divina!
Meus olhos em ti andam cegos. Perdidos!
Pois que tu és tudo em mim. Meu Ser! 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sem razão


Dei asas à minha razão. Permiti que ela se fosse.
Agora sou apenas emoção e sentimento urgente.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Inatingível



Revolvo o que resta de mim
Vísceras e feridas expostas
Terra vermelha escorrendo por vales escuros
Sinto raízes firmes se ajeitando por dentro
E o que sinto é tão profundo que nem eu mesma consigo atingir.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Na Cama




Embriagou-me o teu olhar como um porto ruby
E o teu sorriso em mim fez moradia
Endoideceu-me o teu cheiro molhado
E o teu corpo liso embaraçou-se em meu cabelo solto
Emaranhados no prazer nossos corpos bebiam em taça esculpida.
Tua fala mansa escorregava sobre minhas pálpebras sonolentas
Proibia-me o sono profundo
Mas permitia-me o prazer agudo

Ontem na Madrugada





Tudo ao meu redor flutuou. Uma dança desajeitada de sentimentos urgentes.
O olhar devorava-me o corpo vestido
O toque que arrepia a pele como um veludo em chamas
Bebi em teus lábios o licor do gozo
Banhou-me o suor do teu prazer
Fez-me presa o teu desejo
Lambeu-me a pele úmida
Penetrou-me o corpo, a alma, o sentido.
E a noite se fez de amor.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Ser...


E como sangra. Tenho sangrado desde ontem. Pensando, imaginando, sendo o ser que eu quero ser. Antevendo através da pele, apenas veias. A cor quente, carmim queima.
Ser, quase sempre sangra... Palavras. Lágrimas. Sorrisos tímidos e dores urgentes.
Ser, pode ser sem palavras. Páginas em branco. Apenas aroma e essência sentida.
Para ser é preciso doer. Mas meu rubro corpo se alivia na frescura macia do seu Ser.

domingo, 19 de agosto de 2012

Sem palavra. Sem poema. E com lágrimas escorrendo no tempo recorrente, da vida a fora. O rosto. Ela... É poetisa. Eu sou lâmina. Ela é palavra líquida. Eu... Sou orgânica e palavra derretida.

segunda-feira, 23 de julho de 2012



Parece-me que durante toda minha vida estive recomeçando. E sinceramente, embora haja uma sensação de coisa nova e de mudança, não sei se é exatamente bom. Às vezes, sinto-me cansada de tudo isso. Há uma insegurança no recomeço, um sentimento vazio, do nada. Aquilo que me desestabiliza, uma falta de expectativa. Sei lá, mas penso que compreender a vida seja simplesmente tocar em frente. Sem rodeios e sem achar que tudo pode dar certo. Porque esse otimismo todo me deixa tonta. E se não der certo? Significa que preciso recomeçar. Com uma vontade nova, uma força arrancada de não sei onde e um olhar diferente. E assim vamos vivendo, comendo o sol e bebendo a lua.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Fênix




Desconstruo-me toda noite.
Desfaço-me. Deixo partir-me em fragmentos faiscantes.
Sou apenas um vazio na lua.
Transponho a linha imaginária e neste momento morro. Feneço com o pôr do sol.
Alimento-me das gotas de orvalho que se formam na madrugada. Recomponho-me com a energia da luz.
Renasço com a manhã... E vivo no amor.

terça-feira, 10 de julho de 2012


Transcrevo-me às texturas pálidas dos lençóis.
Decifra-me a cama desarrumada;
Persegue-me os chinelos no canto do quarto;
Evita-me a lembrança do amor experimentado;
Encharca-me o suor derramado;
Engole-me o quarto fechado.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sou...


Sou vento... E tempo.
Brisa na tempestade. Areia presa sob o sol escaldante.
Sou levada amiúde pelas grutas úmidas.
Sou poeira acumulada na escrivaninha. Rabisco em papel virgem. Lágrima caída sobre papel amarelo.
Sou aquele tempo que ainda não foi e talvez nem seja. Sou o tempo agora.
Sou precisa e aguda.
Sorriso solto pelas madrugadas. Sombras e passos.
Sou o inexistente na noite pura.




quarta-feira, 27 de junho de 2012

SEDEX



Bom mesmo é acordar de manhã com o carteiro batendo em sua porta. Principalmente nos dias de hoje, que não se usa mais enviar cartas, cartões e mensagens escritas de próprio punho. Tão grande foi minha surpresa, que além da escrita, que há muito não recebia, ainda fazia parte do presente um cd duplo, outro artigo escasso no mundo moderno, povoado por MP4, Ipod, Ipad e ai! Quanta novidade... e saudade do meu velho e bom vinil.
O envelope amarelo dos correios me remeteu aos meus tempos de menina. Quando aguardava ansiosa no portão pela chegada do carteiro. 
E às 16h quando ouvia as palmas e a voz fina do entregador de cartas gritando: Correio, correio! Saía desembestada para receber as cartas envoltas nos envelopes coloridos e perfumados. Quanta novidade eu podia ler naquelas linhas inocentes da infância. Segredos inconfessos que nem Deus poderia saber ou então, eu seria castigada. 
Mas continuando à emoção do presente, ele estava embrulhado num papel que me fez lembrar Copacabana, sua lira e seus poetas. Não bastasse eu ter recebido ontem à noite uma poesia de presente, me vem pela manhã "o carteiro e o poeta".
Doce é recordar de tudo que foi vivido... Doce, doce e doce.
Enquanto as borboletas se preparam para alçar voo, me regozijo nas linhas não tão inocentes, mas sinceras, do amigo Danilo.
Sinto um aroma de Poesia.
Poderia ser um poema composto por 2 quartetos e 2 tercetos, mas meu soneto é apenas prelúdio. Poesia composta por uma alegria só.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Abraço é corpo e alma. Se não for assim, melhor não ser.



quarta-feira, 20 de junho de 2012

E quando abro a janela de manhã, um horizonte de possibilidades, páginas em branco pra eu preencher. Imprimir minha história e às vezes, manchar a escrita com lágrimas tristes e alegres. Porque eu sou assim, um vazio no universo cheio.

domingo, 17 de junho de 2012

Não sei no que estou pensando, e mesmo que soubesse não diria a você, porque meus pensamentos são impróprios.
Estou preparando uma vitamina a base de sentimentos. Dentro do meu liquidificador azul já coloquei amor em pedaços, coração partido, paixão platônica, beijinho doce, abraço apertado, saudade sem fim, e como não poderia faltar uma boa pitada de tesão. Vou bater tudo e misturar, vamos ver no que vai dar...

sábado, 16 de junho de 2012

Minh'alma é naturalmente poética, e digo, não por falta de humildade, mas por constatar que possuo uma alma com vida própria.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Tenho em mim uma força que não pertence a este corpo. Uma força muito superior a mim, e que tem se transformado a cada dia. Essa evolução tem me permitido ser uma pessoa muito melhor. Transcender a mesquinhez humana requer, além de sabedoria, a simplicidade. Tenho o riso solto, o sentimento puro e o abraço afetuoso. Mas tenho também, uma personalidade complexa permeada por incalculáveis defeitos.
Aprendi que viver é ser leve. Contudo, ainda pesa em mim o Ser insensato.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

E não há nada mais triste que a falência dos sentimentos.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

São tantas coisas... Tanto sentimento engarrafado.





Ontem, apesar de todo cansaço, não consegui adormecer rapidamente. Por algum tempo, um tempo não cronológico, mas um tempo poeticamente intrínseco em mim, virei de um lado para o outro da cama.
Acendi meu pequeno abajur azul.
 Lá estavam meus livros, minha boneca de porcelana e alguns lisiantos brancos.
A penumbra dilatou a alma inquieta que vive em mim. E meu travesseiro me torturava os pensamentos.
Cheguei a pensar no poder de sedução daquela flor, tão delicada e tão resistente ao mesmo tempo. As pétalas aveludadas como uma pele macia e quente.
Encanta-me, com suas formas, cores, aromas e espinhos. Porque até a espécie mais delicada possui sua autodefesa. Assim, como nós.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Nunca saberemos o que é ser livre de verdade, porque ainda hoje e cada vez mais, nos permitimos acorrentar à ignorância humana.
O silêncio me traduz de uma maneira muito prolixa.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Há um mundo a ser desvendado nas páginas de um livro e há também, uma história a ser contada. Comece a preencher suas páginas em branco.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

PARA SER UMA GRANDE MULHER É PRECISO MUITO MAIS DO QUE DIZEM POR AÍ...




Para ser GRANDE, uma MULHER não precisa de um homem. Precisa sim, de amor próprio; inteligência; independência; charme; conhecimento e coragem. Salto alto ou baixo, tanto faz, o que importa é saber andar com elegância. Bolsa da moda, cara ou barata, não interessa. O que faz sentido é ter estilo próprio e bom gosto para o que você é de verdade.
Para ser GRANDE, uma MULHER precisa ser livre. Ter seu jardim sempre florido, colocar a mão na terra, ouvir a música da vida e sentir, sentir sempre com muita delicadeza. Mas às vezes, é preciso ser firme, bem firme em suas atitudes e decisões.
É preciso ter uma blusa de lã, meias confortáveis, chocolate quente e um bom livro para aquecer os dias frios do inverno. É preciso ter uma grande paixão sim, mas não com o intuito de ser grande ou pequena diante do homem e nem resumir sua vida em torno da vida dele.
Você precisa estar completa pra receber uma grande paixão e vivê-la com ardor.
É preciso acima de tudo, preservar sua individualidade, respeitar suas fases, se esconder debaixo do cobertor nos dias de TPM e claro, respeitar o outro com suas qualidades e defeitos.
Para ser GRANDE, uma MULHER não precisa seguir as regras, mas atenção: é preciso seguir seu coração. Respeitar sua essência, lutar pelo que acredita e não se dobrar diante dos estereótipos. Não é preciso seguir os manuais para conquistar um homem, por que afinal, se ele te quiser, tem que ser do jeitinho que você é. Não precisa de planos mirabolantes.
Acho tão chato estes títulos:Por que os Homens Amam as Mulheres Poderosas? Por Que os Homens se Casam com as Manipuladoras? Uma grande mulher não é aquela que tem vários homens aos seus pés, mas sim a que tem apenas um à sua altura”. Tenho a impressão que a vida de uma mulher gira em torno do homem, e se dá tanta importância a isso, quando na verdade ser uma grande mulher vai muito além, ou melhor, ser um grande Ser Humano, porque é assim que tem ser.

Ser uma grande mulher envolve tanta coisa: filho, vida profissional, amigos, família, estudos, lazer, jardim, casa, amor, livros, paixão, trânsito, namoro, separação, afeto, encontros, desencontros, calcinha, sutiã, café, capuccino, chá, frutas, compras, shopping, supermercados, saúde, doença, sexo, chocolate, sapatos, bolsas, champagne, buteco, almoço, jantar, cerveja, chá verde, dieta, balança, TPM, mudanças de humor, cabelo, unha, depilação, cinema, teatro, sofá, televisão, homem, cansaço.

Adoro o calor do corpo de um homem, o abraço, o cheiro e mais do que isso, o companheirismo e respeito.

Não pode isso, não pode aquilo, tem que ser assim. E vamos tentando nos encaixar, nos adestrar, ser da maneira que os outros impõem. E se não fizermos do jeito que é dito, rá! Somos vagabundas. Ah gente, para, neh?! Claro que nossas atitudes dizem muito sobre quem realmente somos. Mas vamos viver com dignidade e liberdade, sem prejudicar o outro. Apenas viver com amor e da maneira que nos fizer feliz.

Sem rótulos, por favor!

É só o que eu penso, as opiniões podem variar.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

                              Foto autorizada por Luciene Lemos






Quando acordei naquela manhã, percebi que havia me transformado. Como se tivesse desfeito o pesadelo e refeito o sonho bom. Sob o cobertor, ainda revia alguns instantes ao sabor da vida anunciada. Sentia-me livre.
 Lacônico, meu pensamento só gritava uma frase: Tire-me daqui. Se nada aconteceu até agora, transfira-me para onde eu possa viver e não apenas existir. Meu corpo doía. Inteiro. Em lugares que eu nem mesmo sabia que existia. Era a dor da existência, porque até então, eu apenas existia.
Naquela manhã, o sol amanheceu diferente, e apesar do clima frio, das folhas secas caídas pelo chão e da atmosfera do outono, o sol majestoso me convidava a viver.
Eu havia resolvido não remexer no passado, até pensei em jogar fora algumas chaves, cadeados, alguns sentimentos. Recomeçar a viver requer determinação e muitas vezes, abrir mão do passado, mesmo que ele seja inconsciente.
Mas aquela atmosfera não era apenas do outono, pra eu aceitar a transformação por inteira, ainda devia abrir alguns baús, revirar algumas fotos, reler algumas cartas e descobrir alguns segredos.
Não imaginei onde tudo aquilo poderia me levar e constatei que tatear o insólito pode nos revelar a própria desgraça.
Quando acordei naquela manhã, não sabia o que iria acontecer nas horas seguintes do dia. Mas tudo já estava arquitetado, planejado e sentido. O baú estava no mesmo lugar há anos; a chave guardada na mesma gaveta empoeirada e emperrada. E os segredos, ah... Os segredos sempre foram os alicerces daquela família. A palavra não pronunciada; os olhares inconfessos; a inaudita música que permeava nossa história.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

 
Do alto, vejo a noiva derramar-se em amor puro. Vestida de branco celebra o amor com a cor que corre em suas veias. Que a esperança conserve, sem dor, e com muito sabor, o amor.
Se mergulhar nesse olhar é navegar pelo perigo verde-mar, tenho em mim a gota da coragem que me leva a-mar.




Inspirador. Encantador. Sem dor, inspira e encanta amor. Mas que a dor vale 


por todo aprendizado, vale dor, então.

terça-feira, 10 de abril de 2012


E há paixão na bruma da solidão. Neblina e aconchego sob os galhos secos. E mais do que isso, há vida sobre e sob o guarda-chuva.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Viver é, definitivamente, a estrutura completa da poesia. Forma e unidade, tudo além.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Abismo.

Durante toda minha vida estive despencando num abismo sem fim.
Minha vida jorrando pela janela e minhas dores se refazendo a cada sangue nosso de cada mês.
E se me permitem a solidão, não a deixo ir. Ela é minha melhor companhia.

Renascer...


Estive morta por alguns dias. Sim, eu morri. E renascer não é nada fácil. Requer força física e um outro tipo de força que não consigo caracterizar. Sair novamente da placenta é doloroso. Por que além de tudo já existe uma consciência, mesmo que isso não signifique muita coisa.
Mas é estranho recomeçar. Reaprender as palavras, com suas formas e sons e significados dúbios. Mas a vida é dúbia, por que não seriam as palavras? Abrir os olhos e tentar enxergar além da bruma que estamos envoltos. Talvez dar o segundo passo seja mais difícil que o primeiro, porque evidentemente você já quebrou a barreira, e agora, não há um obstáculo visível ao qual tenha que transpor. É simplesmente andar. E andar pode ser um dos grandes problemas da humanidade. É tão mais fácil ficar ali parado, sem se movimentar. Esperando qualquer coisa, até mesmo Godot. Mas alí, sem dor, talvez sem amor. Inóspito. Paralisado. Se alimentando do nada, é... se enchendo do tudo que forma o nada. E sem pensar, porque o pensar é tão infeliz. E pensando bem, as coisas mais dolorosas e as mais felizes são invisíveis aos olhos. Eu por exemplo, às vezes me sinto tão feliz por estar amando. Mas nunca consegui tocar no amor, eu apenas sinto. É uma sensação boa, uma falta de ar. E dizem que quando estamos com falta de ar pode ser algum problema no coração. Eu nunca consegui tocar na minha falta de ar e sim, sempre que sinto é um problema no coração. E não existe um comprimido para falta de ar, talvez uma ação. Respiração boca a boca pode ser uma boa solução.
 E quando a falta de ar vai embora é uma dor tão profunda, não sei onde. Alguns dizem que é no coração, outros dizem que é na alma. E ouvi dizer que o dorflex pode curar as dores musculares, sendo assim, o coração que é músculo está a salvo. Mas e a alma que não é músculo, se cura com o quê? Se eu nem  mesmo posso tocá-la.
Então, talvez fosse interessante ficar alí parado mesmo. Sem se movimentar. Assim talvez, eu não sentisse nem felicidade, nem dor. Por que você pode ter certeza, a felicidade sempre vem acompanhada da dor. Como a noite que vem sempre depois do dia. É clichê, eu sei. Mas é verdade. E o amanhecer é sempre um recomeço. Doloroso. Por que abandonar o ventre é sempre muito perigoso. Mas enfim, eu adoro correr perigo.

terça-feira, 13 de março de 2012

Nem sempre há esperança. Ex-paixão!


Hoje, resolvi falar sobre minhas ex-paixões. Agora, amores. Digo assim, porque pra mim, o amor já está em uma forma mais branda dos sentimentos. E como definiu, um grande amigo, às vezes eu coloco o amor na prateleira mais baixa da geladeira.
Não em desmerecimento. Valorizo, respeito e me comovo com o amor. Mas sendo sincera, o amor é lento demais, frio demais e muito tranqüilo. E sendo um pouco e tanto mais contraditória, ainda quero a sorte de um amor tranqüilo. Mas isso Pode ser bem mais adiante. Neste exato segundo, que por sinal já se foi, eu quero uma paixão louca, desajeitada e com sabor de fruta mordida.
Ontem, encontrei uma dessas ex-paixões. É verdade que a maioria deles continua sendo amores. Sim, eu os amo por tudo que eles são. Um ou outro, não valem apena serem lembrados. 
Mas voltando à ex-paixão de ontem, ele me fez uma visita. Me chegou como quem chega do nada, ele não me trouxe nada, também nada perguntou. Deitou-se em meu sofá e logo queria se aconchegar. Ora essa, nosso momento já se foi, agora não passamos de meros irmãos, amigos que somos. Recostou em minha rede e juntou o seu corpo ao meu, logo pensei: primeiro você me azucrina, me entorta a cabeça, me bota na boca um gosto amargo de fel. Acho engraçado as atitudes masculinas. Primeiro esnoba, despreza e  demonstra desinteresse. Depois saimos pra vida, bebemos com as amigas, arrajamos outras paixões, nos refazemos as cicatrizes, estamos inteiras novamente. Aí, eles reaparecem, agora vem chorando desculpas,assim meio pedindo querendo ganhar um bocado de mel. Mas agora é tarde, não me rasgo, não engasgo, não engulo e nem preciso refletir, não dá mais pra estender a mão. Ele, a ex-paixão, agora amor, surpreendido me disse: Você é uma das melhores pessoas que conheço, mas tem um defeito. 
Cabeça de mulher, pensei: Ah é?  Eu tenho um defeito? Hum... Eu tenho vários, na verdade sou composta por defeitos infindáveis. 
Mas o que seria defeito na cabeça de um homem?
E nem foi preciso perguntar, ele logo disparou: Você é rancorosa e vingativa.
Então são dois defeitos, querido! Mas ó,  isso não tem a ver com rancor, tão pouco vingança. Isso tem a ver com a nossa capacidade de conseguir viver sem a vaidade exacerbada de vocês, e sim, partimos pra outra. 

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sinal Fechado.

Estou avançando todos os sinais e sendo repreendida por aqueles que os conduzem. Numa proporção de limites, estou alcançando o irreal e torturando todas as raízes. Não sou resignada. Quero saber demais, correr demais, alcançar o ponto mais alto da montanha. Realizar o irrealizável e conduzir novas técnicas para a paixão além do amor. Quando existe um infinito particular, vejo que realizo o meu próprio desejo e assim consigo atenuar meus sentimentos mais doloridos. 
Tenho tido convulsão todas as noites, meus sonhos são pesadelos. E minha realidade é muito mais do que posso agüentar.
Sinto-me fora do eixo, não tem lugar ao qual eu possa pertencer. Sou uma filha inquieta do Tempo. Tempo de somas e subtrações eloqüentes. Estou resoluta.
Tempo do corpo inteiro e da alma ferida. Desfalece a cada segundo um espírito que não pertence a esse corpo. Um espírito inquieto e livre. Livre das somas adquiridas ao longo dos séculos. Livre das dores que acorrentam a alma. Livre do viver imposto.
Não existo em lugar nenhum e assim mesmo sinto um aroma estranho, uma mistura de jasmim e lírio. Pureza e volúpia.
Amanheço num espaço desapropriado, não acordo do sono profundo e vivo num mundo paralelo. Sou mais do que posso suportar. Estou acima da minha própria existência. Não reconheço em mim a essência do bem, sou naturalmente má, e essa bondade que todos reconhecem em mim, é apenas fragmento do que fui um dia.
Confesso que não sinto saudade de ninguém, nem sei bem o que essa palavra significa. Já ouvi dizer que quando sentimos saudade é sinal de que algo ou alguém nos proporcionou um bem estar. Na verdade, sinto uma ausência, um misto de dor e doce. Um vazio. 
Sinto falta do que ainda não vivi. Mas sinto saudade de fumar um cigarro enquanto estou recostada naquela cadeira que não existe em minha varanda. Como posso sentir saudade de algo que nunca me pertenceu?
Então penso que esse espírito não pertence ao meu corpo. 
Sou violentada pelos pensamentos mais impróprios, repreendo-me e ao mesmo tempo sou permissiva a ponto de não me reconhecer. Tenho uma personalidade confusa e destemida. 
Estou à beira de um abismo incomum.

domingo, 11 de março de 2012

Mini Conto do Não Entendimento...


O homem estava sentado ali. Um pouco à frente. E havia um não entendimento no ar. Minhas pernas propositalmente descansavam sobre as suas.
Suas pupilas estavam dilatadas e desajeitadas. Suas mãos inquietas. Sua respiração ofegante e quente. E as palavras que ele não dizia eram mais verdadeiras do que as que ele insistentemente proferia. E pra tocar a ferida, solicitou uma bebida destilada, quente!
Havia uma frieza em meu olhar, embora houvesse uma atmosfera cálida nos envolvendo.
Meu silêncio mentia. 
Eu apenas ouvia. Não acreditava e nem desacreditava do suor que descia pelo seu rosto. Era indiferente. Não que eu não o desejasse, pelo contrário. E parafraseando um comentário seu, nossos encontros são sempre uma tentação… Gostosa. É um infinito delírio chamado desejo, uma fome de afagos e beijos... Uma luta de corpos suados, ardentes e apaixonados. Apaixonados sim. Porque a paixão tem essa urgência em ser. A urgência de possuir não só o corpo do outro, mas o prazer. Sabe aquela coisa de matar a sede na saliva? De se morrer de tanto se dar? De suar, mas de prazer? De se ver e não se conter? A gente sempre se derramava em overdose.
Mas chega o momento das explicações. E as suas eram tão infundadas e perpassava por caminhos tão mal freqüentados pelo sexo masculino, que não me convencia.
Foram alguns minutos tentando uma explicação. Aquelas coisas comuns e freqüentes aos homens. 
Mas ele continuava ali, tentando me explicar que além de eu ser linda e extremamente inteligente, era totalmente na-mo-rá-vel. Foi esse o termo.
E o sexo, ah... O sexo com você é maravilhoso. 
Mas... 
Bem, quando existe o “mas”, a gente já sabe. Na verdade, a gente já sabe antes mesmo de existir o “mas”.
E ele disparou: Você me entende?
Pausa dramática. Meio sorriso no canto da boca. Olhar de mulher burra. E por fim, a resposta: Não.
Claro que o homem assustou. Ele pressupunha que aquela mulher a sua frente fosse dotada de uma inteligência incomum, não era aceitável que ela não entendesse uma explicação tão simples. E incomodado, indagou: Mas como não entende? 
Simples. Eu digo que o entendimento me limita, enquanto que o não entendimento me dá maiores possibilidades. E isso me basta.  
O que mais importa é manter essa chama até quando eu não mais puder e a mim não me importa nem mesmo se Deus não quiser.
Não preciso entender as explicações e razões do outro, preciso entender o que passa dentro de mim…
O não entendimento é tão interessante que nos permite continuar com nossos segredos de liquidificador . Por que eu... Eu adoro um amor inventado.